Os desfiles de Lino Villaventura são uma festa. A plateia fica se perguntando se as propostas são roupas ou obras de arte. Resposta: são ambas as coisas juntas.
Rei das invencionices, esse paraense (que tem lojas em Fortaleza e São
Paulo) desenvolve um trabalho dramático-autoral, com vibe futurista, que exige tempo e esforço. Oh
se vale a pena! Nervurinhas, apliques, montagens,
recortes bem estudados, barras pétalas, enfim, descomplicar o complicado é com ele
mesmo.
No backstage do desfile primavera-verão, apresentado na SPFW, encontramos esse fiel
representante da wearable art compenetrado
e tenso, supervisionando pessoalmente a produção dos looks dos modelos. Ele sonha acertar cada vez mais no seu ofício,
que apelidamos de “linoplastia”, porque intenciona embelezar as
pessoas.
Montagem Manual
Na apresentação, que aconteceu na
passarela improvisada numa das lajes do
prédio do C6 Bank, na av. 9 de julho, em
São Paulo, esse eterno menino curioso usou,
como fonte de inspiração, os contos de
fadas, com destaque para a influência de elfas e
vikings.
Fruto de cuidadosa montagem
manual, a coleção mais aguardada da temporada mostrou volumes, texturas diferenciadas, metalizados, nervuras, frisos, barras estruturadas, plissados,
jacquards e patchworks, além de
enaltecer transparências e brilho.
O desfile começou com uma série de brancos e pratas. Após uma sequência
de cores, como vermelho azul ou rendas multicoloridas, foi a vez dos looks pretos.
Lino exercitou duplamente seu artesanato: nos vestidos
curtos, com barras de pontas irregulares
(recortes costurados), lembrando pétalas, e também nos vestidos casulo, com
sobreposições de jacquard estampado ou plissado colorido. Já nos looks festivos, a
transparência aparece turbinada por bordados manuais ou apliques e pelo brilho de paetês.
Moda para Todes
Lino tende a desenvolver uma moda agênero, já que percebeu que o público masculino vem, cada vez mais, usurpando ornamentos
tidos como femininos.
Os homens desfilaram usando uma combinação que sempre dá certo: camisa branca com volumosa calça preta de pregas. Mas foi a riqueza de colorido no patchwork ou nos frisos da coleção masculina que agradou em cheio. E tem o bolo da cereja: as capas amplas, de cauda longa, em preto ou vermelho, que causaram efeito bem teatral.
Destaque ainda para as camisetas de gola
alta e mangas bordadas, para os puffer jackets e para os práticos
e confortáveis macacões em tecidos
luminosos. Aliás, em alguns modelos, recortes deixavam o bumbum à mostra.
Fotos: Marcelo Soubhia
@agfotosite
Quase no finzinho da apresentação, acabou a luz,
e o desfile ficou sem trilha sonora. Mas ficamos com a impressão que a passarela seguiu iluminada pelo brilho das peças fautosas do grand finale.
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