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Modos e Modas é o blog da Jornalista Deise Sabbag. Inspirado nas tendências com possibilidade de alcançar as ruas e focado nas tendências adequadas ao biotipo brasileiro. Deise é autora de três livros: “A Moda dos Anos 80”, “Na Moda de Corpo e Alma”, e “Beleza e Qualidade de Vida de A a Z”, glossário reunindo os principais verbetes do setor.
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O Corpo Humano não é uma Tela. O Cirurgião Plástico não é um Artista!

Written By Deise Sabbag on quinta-feira, 21 de janeiro de 2021 | janeiro 21, 2021



O título da matéria destaca a  argumentação do dr. Gustavo Stocchero. Ele  defende   que o artista erra muito, corrige, pinta por cima da tela, joga a obra fora.  Por sua vez, como  o paciente só tem uma chance,  a cirurgia plástica precisa ser pautada pela  previsibilidade, pela consistência e pela busca de resultados satisfatórios em detrimento da volatilidade inerente aos processos puramente artísticos. Confira,  no artigo abaixo,  como ele  bem  situa a responsabilidade e o comprometimento da especialidade que abraçou:


As 150 mil Obras de Picasso.
Ou A Face por Baixo da Mona Lisa.

Por Dr Gustavo Stocchero*

Em 2015, um estudo conduzido no quadro “Mona Lisa” (La Gioconda, em italiano) demonstrou que, antes da obra final, Da Vinci havia pintado um rosto bastante diferente com nariz mais fino, sem o enigmático sorriso. Mas isso não impressionou os estudiosos, pois é muito comum encontrar diferentes versões, ou até mesmo obras completamente distintas, nas camadas inferiores das telas usadas pelos artistas.


A obra Mona Lisa foi  feita e refeita


E por que estou trazendo este assunto? Porque muitas vezes ouço as pessoas comparando cirurgia plástica com a Arte. Mas acredito que essa é uma comparação que não leva em conta esse grande detalhe das artes plásticas: o artista erra muito, produz resultados muito diferentes, troca de ideia, corrige, experimenta, pinta por cima da tela, joga a obra fora. Aliás, muitas obras, mesmo acabadas, ficam consideravelmente ruins. Por exemplo: estima-se que o mestre Picasso (imagem que abre essa matéria)  tenha produzido algo como 150 mil obras. Quantas realmente significativas?

O cirurgião plástico não é um artista. O corpo humano não é uma tela. A nossa profissão não deve ser pautada na esperança de um dia estar com a genialidade à flor da pele, aceitando que em muitos outros dias os resultados serão merecedores de serem apagados, jogados fora. Não: a cirurgia plástica precisa ser pautada pela previsibilidade, pela consistência, buscar a maior quantidade de resultados satisfatórios em detrimento da volatilidade inerente aos processos puramente artísticos.


Dr.  Gustavo Stocchero


Medicina não é ciência exata, claro. Mas é importante chegar o mais próximo possível dela,  trazendo números e estatísticas para maior segurança de nossos pacientes. Só o estudo teórico consegue trazer muita informação para gerar ciências precisas. Não podemos diminuir a importância da teoria para atingir resultados consistentes. A dedicação e o aperfeiçoamento prático são muito importantes, mas não existe toque mágico que entregue consistência. O artista, e até mesmo o cirurgião plástico, sempre pode acordar no dia seguinte e tentar algo inovador maravilhoso. Mas o paciente, este, só tem uma chance na cirurgia. A consistência sempre vai superar a intensidade de curto prazo. 


* Dr. Gustavo Stocchero é cirurgião plástico, membro titular da SBCP e pós-graduado em gestão de marketing pelo  Insper.

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Sobre Deise Sabbag

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Responsável por matérias especiais para o caderno B e titular de uma coluna no Diário Popular. Redatora especial e redatora de moda do City News, do grupo DCI, que posteriormente adquiriu o Shopping News e o Jornal da Semana. Idealizou e editou o Todamoda, que foi o primeiro caderno totalmente dedicado à moda no Brasil. Responsável pela execução de edições diárias em feiras nacionais de moda, como Fenit, Feninver, Feira de Moda de Fortaleza. Cobertura Internacional e pesquisas de tendências dos desfiles de alta-costura e prêt-à-porter em Paris, Roma, Milão e Londres. Docente do primeiro curso para formação de produtores de moda, ministrado pelo Senac. Foi membro do Conselho de Moda da Faap. Autora de três livros: “A Moda dos Anos 80”, “Na Moda de Corpo e Alma” e “Beleza e Qualidade de Vida de A a Z”.

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