No centro
de São Paulo, no bairro da Republica, um novo mural gigantesco, representando
um menino comendo rosas em meio a um mar de espinhos, já pode ser visto pelos
transeuntes. Ocupando 13 andares de um edifício alto e medindo 45m x 45m, o
mural surge sobre o tráfego diário da Avenida Rio Branco e pode ser visto a
mais de um quilômetro de distância.
Há quatro
meses, sempre que há luz do dia, um
artista solitário e mascarado se perde em meio à sua pintura gigantesca. Seu
nome é BiP, um grafiteiro americano que, apesar de nunca ter revelado sua
identidade, criou obras monumentais em
todo o mundo, incluindo Estados Unidos, Rússia, Chile, China, Canadá,
Argentina, Peru e Colômbia.
Para o
artista, este trabalho tem um significado especial. "Meus murais devem refletir nossas vidas, que não são
apenas sobre comer rosas, mas sobre comer rosas em meio a um mar de espinhos."
Combinando
uma mistura de cores sutis com um
conceito inovador, BiP cria peças de rua com temas humanistas e da classe trabalhadora. Peças
desse grafiteiro são conhecidas por atrapalhar o tráfego em cidades como São
Francisco, na Califórnia, onde ele acumulou uma série de grandes edifícios
impossíveis de serem perdidos de vista.
Apesar
dessa produção prolífica, no entanto, o grafiteiro é fotografado usando uma máscara e, quando gravado, modifica
a voz. "Não quero que as pessoas me tratem de maneira diferente porque sou
um artista famoso. Isso me separaria do
público e me deixaria triste”, argumenta.
A arte de
BIP é eclética e imprevisível: inclui
grafites pequenos ou grandes, mashups fotográficos, referências à cultura pop, ou mesmo frases. Frequentemente ele usa pessoas
locais como modelos para seu trabalho. O mural que finalizou em São Paulo foi inspirado no menino
Dudu Alves, de 10 anos, de Corinthias-Itaquera, que faz performances de
rua imitando Michael Jackson na Praça da República e na Avenida Paulista.
Embora a
maioria do trabalho do BiP seja público, ele raramente ganha dinheiro com
murais. Sua principal fonte de renda são
suas telas, frequentemente vendidas por mais de US$ 10.000
e adquiridas por atletas e celebridades,
bem como por empresas de tecnologia como a Google.
Embora
esses trabalhos sejam privados, BiP também está tentando alavancar esse sucesso
para o crescimento da comunidade de arte pública. Está no processo de abrir uma
nova galeria em São Francisco para exibir obras famosas e de artistas pouco
conhecidos, incluindo brasileiros. Ele acredita que São Paulo tem potencial para se tornar, no
futuro, a capital do grafite do mundo.
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