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Modos e Modas é o blog da Jornalista Deise Sabbag. Inspirado nas tendências com possibilidade de alcançar as ruas e focado nas tendências adequadas ao biotipo brasileiro. Deise é autora de três livros: “A Moda dos Anos 80”, “Na Moda de Corpo e Alma”, e “Beleza e Qualidade de Vida de A a Z”, glossário reunindo os principais verbetes do setor.
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Sem os Dedos das Mãos, Estilista Veste e Encanta Noivas

Written By Deise Sabbag on sexta-feira, 20 de setembro de 2019 | setembro 20, 2019



21 de setembro é  o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência.  Exemplo de  superação,  Juliana Santos,  estilista de vestidos de noivas,  sofreu um  acidente aos 4 anos,  que deixou 90% de seu corpo queimado, sem os dedos das mãos, com sequela nos pés   e   lesões por todo o corpo. Abandonada na infância, essa  goiana autodidata é conhecida  como “madrinha das noivas” por conta de seus projetos sociais.

“Fui abandonada no Hospital de Queimaduras, em Goiânia. O motivo do acidente ainda é um mistério, pois me disseram que me queimei em esterco de vaca. Anos depois,  encontrei  vizinha de minha mãe biológica, que apresentou outra versão. Segundo ela, uma vela caiu no colchão onde eu dormia e.  apesar do trauma,  ainda  consegui salvar uma irmã mais nova. Não tenho lembranças  deste episódio;  é como se eu tivesse nascido aos cinco anos”, conta Juliana.



No hospital em que foi abandonada, a estilista caiu nas graças de um voluntário  que se tornaria seu irmão mais velho, já que foi adotada pela sua genitora,  dona Zélia. “Algum tempo depois,  minha mãe biológica veio  reivindicar seus direitos, e meu pai adotivo  teve que “pagar” por mim”, recorda  Juliana, que até os seis anos acreditava que seus dedos cresceriam. Quando viu que isso não aconteceria, imaginou  que inventariam uma prótese para sua deficiência, outro sonho irrealizado. No  período escolar, ela sofreu  bullying: as colegas  a chamavam de pata de cachorro.
“Aos 15 anos, minha irmã começou namorar um jovem artista plástico que me ensinou a desenhar e me levava a desfile. Eu  já amava costurar. Fazia vestidos para bonecas,  me vestia de um jeito diferente, customizava minhas roupas  e pesquisava tendências de moda”, lembra Juliana.



Em 2005,  entrou para faculdade de moda, mas teve   que sair de casa e trabalhar em call center para pagar as mensalidades. “ As pessoas gostavam de meus croquis. Mas  eu notava  um certo preconceito: muitos duvidavam que eu, sem os dedos, fosse capaz de desenhar daquela forma”, relata

Para realizar o sonho de se especializar na criação de   vestidos de noivas, ela  contou com a ajuda de seus seguidores para  custear uma viagem à   Europa. Em seu Instagram (@style_juu), ela conta com mais de 134 mil seguidores, já em seu ateliê Juliana Santos (@ateliejs), são mais de 80 mil, além de seu canal no You Tube. “Não pensa só no lucro. Ver a felicidade das noivas é o que mais vale para mim”, ressalta.



Juliana também se dedica às causas sociais.  Recentemente lançou seu canal no Youtube e no Instagram -  @jusemasmaos - ,  projeto que relata   histórias  do seu dia a dia e casos de  superação de outras pessoas.  O objetivo é  mostrar as dificuldades, preconceitos e lutas na vida dos deficientes, e ajudá-los.  
A “madrinha das noivas”  adverte que falta inclusão  de deficientes na publicidade.  “Certa vez, uma empresa de cosméticos me enviou esmaltes:  as pessoas têm que se informar mais e tentar compreender nossas limitações. Muitas vezes, graças ao esforço redobrado,  um deficiente consegue desenvolver seu trabalho  melhor do que uma pessoa considerada “normal”, afirma. 

De acordo com o Censo 2010, quase 46 milhões de brasileiros, cerca de 24% da população, declarou ter algum grau de dificuldade em pelo menos uma das habilidades investigadas (enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus), ou possuir deficiência mental / intelectual.

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Sobre Deise Sabbag

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Responsável por matérias especiais para o caderno B e titular de uma coluna no Diário Popular. Redatora especial e redatora de moda do City News, do grupo DCI, que posteriormente adquiriu o Shopping News e o Jornal da Semana. Idealizou e editou o Todamoda, que foi o primeiro caderno totalmente dedicado à moda no Brasil. Responsável pela execução de edições diárias em feiras nacionais de moda, como Fenit, Feninver, Feira de Moda de Fortaleza. Cobertura Internacional e pesquisas de tendências dos desfiles de alta-costura e prêt-à-porter em Paris, Roma, Milão e Londres. Docente do primeiro curso para formação de produtores de moda, ministrado pelo Senac. Foi membro do Conselho de Moda da Faap. Autora de três livros: “A Moda dos Anos 80”, “Na Moda de Corpo e Alma” e “Beleza e Qualidade de Vida de A a Z”.

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